Os irmãos Maysles de Jufas @dino_joao e @deazzzevedo estreiam “Coreto”, primeiro documentário sem sinopse da Zona da Mata.
entrevista por Frank Hamper
Qual a premissa desse documento?
Luan: No final de 2016 eu e o Dino arrumamos 2 câmeras e fomos pra RP filmar o rolê da galera que a gente sacava por causa do skate. Não tinha um objetivo concreto, foi beber e filmar o que tava acontecendo.
Dino: Acho que a premissa principal foi dar vida a imagens filmadas que poderiam cair no esquecimento. Não tivemos nenhuma filosofia em volta. Foi editar imagens.
Dentro dos dogmas acadêmicos e puristas do cinema documentário. Vocês enxergam algum link?
Dino: Isso tem que perguntar para um Sergio Puccini, Nichol Bils, sei lá como escreve, ou qualquer professor aí, mas eu acho que ele se encontra um pouco no pretensioso cinema verdade ou dogma 95, mas desrespeitando todos os critérios estabelecidos. Porque as imagens que cortamos e excluímos foram por conta de ritmo (isso o Luan tem que fala, Luan do corte), mas o resto as imagens tão no pelo, sem voz off, sem explicação, é isso.
Luan: Acho que não.
Quais foram as escolhas da direção e montagem?
Luan: Na montagem a gente quis seguir a ordem cronológica dos acontecimentos.
Dino: Bem, foi assim: eu e o Luan sentamos e ele colocou a mão na massa em decupar tudo e jogar as fotos no projeto. Luan é sinistro, já ia vendo e decupando. No final deu uma hora de imagens decupada. Aí começamos a pensar numa intro, editamos do começo ao fim, sem fazer coisas a parte. Jogando as imagens na timeline e seguindo. Testávamos as imagens, música e foi indo.
Teve sofrimento na edição?
Dino: Acho que não teve muito não. Eu achei que teria mais. Cedemos quando tivemos que ceder em benefício do vídeo. Eu e o Luan temos uma mesma ideia, vivemos juntos, temos quase as mesmas referências, tentamos fazer algo da época que foi gravado também, usando as músicas que escutávamos (Connan Mockasin ao black metal), e foi isso.
Luan: As trilhas eram o que a gente ouvia na época, que era bem deprê.
Os diretores Dino e Luan tomando um litrão
Como conceber um doc em dupla? Qual a dinâmica?
Luan: Eu e o Dino sempre deu muito certo pra fazer vídeo, um entende outro e não vira uma bateção de cabeça.
Dino: Não sei. Vou contar como que se deu, ai vê se é uma resposta ou não. Eu o Luan queríamos fazer um doc mas que nem sabíamos que doc seria esse. Foi meio no escuro, porque queríamos filmar uns personagens da cidade, umas desgraceiras, a gente curtia os filmes do Rogger Ballen (Outland) e Gummo, pretensiosamente queríamos algo assim.
Não sei se ele irá descordar, mas pelo que eu lembro era um pouco isso que tínhamos em mente. MAS…. chegamos lá e filmamos apenas um dia de um derrame no coreto e no outro fomos embora, o Luan levou uma câmera do irmão dele emprestada e eu a minha mas no final das contas ele perdeu as imagens e só sobrou as minhas numa pasta aqui em casa. E durante as aquelas imagens, a câmera filmava e tirava foto, cada hora um pegava, zero direção e compromisso. Dois xovens. E depois de quatro anos decidimos editar. Durante esses anos pensávamos em voltar lá, tentar mostrar como todo mundo mudou, sei lá, fazer algo com essas imagens. Aí aconteceu que agora fizemos e é isso daí que taí.
De 2016, quando foi filmado, a 2020 quando está sendo lançado, quais as maiores mudanças que você enxerga na realidade que Coreto mostra?
Luan: Acho que foi o registro de uma pequena época, por que geral tava na vagabundagem e depois de pouco tempo, cada um foi se encaminhando; a maioria mudou, uns viraram pai, outros começaram a trampar.
Qual sua parte favorita do filme? E por que?
Luan: A que eu mais gosto e quando geral vem cantando pra câmera dando a volta no coreto. Não sei te falar o porquê, mas e a que eu mais gosto.
Luan, você tem alguma dica para conviver com a falação que o Dino arruma?
Luan: Deixar ele falar, mas entra em um ouvido e sai no outro.
Dino: Vai perguntar mais? meu celular tá meio morto.
Luan: Posso falar uma parada? Quero agradecer a rapaziada de RP, geral que apareceu no vídeo. AMO VOCES! TODO MUNDO MANERO!!
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