Depois de EP, mixtape e um álbum que era mais um compilado de lançamentos, artista mostra a maturidade que alcançou aos 28 anos
por Fabiano Moreira
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Eu estava na maior expectativa pelo disco de estreia de uma das maiores vozes da nova música brasileira, o carioca Luccas Carlos, 28 anos, que chegou com o excelente “jovemCARLOS”, que tem participações de Lulu Santos e Chris MC. O disco vem sendo elaborado desde 2018 e traz homenagem às suas influências, com referências de samba, pagode, rap, trap, garage e mais. Quando fala da participação de Lulu, ele se emociona com palavrões e, logo depois, pede desculpas, como o cara gentil que foi no nosso papo, pelo Zoom, na semana passada.
No papo, falamos como a pandemia ajudou no processo de construção do disco, de como ele assumiu essa missão de falar de amor em tempos de muito ódio, “tipo terrorista de beijo”, da parceria com o Vitão, que ele considera um grande talento da nova geração e que foi, justamente, vítima do hate virtual, da devoção aos Racionais MC’s e de como nunca se imaginou fazendo outra coisa, na vida, a não ser a música, que ele faz tão bem. Um prazer conversar com você e te ver amadurecer, Jovem Carlos.
“Se você deixar”
Moreira – Você está considerando esse o seu disco de estreia? “Solar” (2020), parece um disco cheio, enquanto “Um milhão de sonhos” (2018) e “Um” (2017) são EPs ou mixtapes… Foi um disco feito na pandemia? Como isso influenciou?
Luccas Carlos – O “Solar” é uma mixtape, assim. Eu venho muito do hiphop, do r&b e do rap, que tem essa cultura de mixtapes. O “Solar” é bem cuidado, mas ele não tem o peso de um álbum, de um disco, ele não tem uma direção musical. São várias músicas que eu produzi e que até iam para o projeto de um disco, mas que resolvi juntar e mostrar pra galera aonde que eu estava antes de “jovemCARLOS”. Ele vem um pouquinho de antes, a pandemia só deu mais delay, eu estava em processo de trocar de produtora e fazendo música mais esporadicamente, por esporte, nem estava lançando muita coisa. Mas a pandemia ajudou no processo sim, a gente deu a cara no disco que lançamos na pandemia, apesar de ser um processo que começou bem antes, eu já tinha o conceito e a ideia desde 2018. A ideia de fazer o primeiro disco veio em 2017, eu entrei na vibe.
“Jovem Carlos”
Moreira – Como foi colaborar com o Lulu Santos? Vejo ele trocando com nomes jovens e acho muito legal, como Fresno, OUTROEU, Melim… Eu quase morri uma vez, ele me chamou pra tocar na festa de 60 anos dele pelo Twitter.
Luccas Carlos – Ele é maravilhoso, né, cara, o Lulu é luz. Ele abraçou a minha causa bem assim. Eu não sei nem falar, é um lance que é muito maneiro pra mim, tá ligado, eu sou muito fã. Sem querer desrespeitar ninguém, ele fez essas músicas com essa galera toda, um monte de bandas, fez, no passado, com o Gabriel, o Pensador, mas ele nunca fez com um artista solo da minha geração. Eu tenho 28 anos, vindo de onde eu vim (Tijuca), nesse estágio da minha carreira, eu conseguir isso é um marco muito foda. Até desculpa o palavrão aí, eu sou muito fã mesmo, pra mim foi muito maneiro, uma realização das grandes. Ele é maravilhoso.
“Pensando coisas 2”, Luccas Carlos em colaboração com Vitão
Moreira – Você tem muitas colaborações com o Vitão, que é um cara injustiçado, na Internet, com aquele vídeo dele cantando Alcione… Como se conheceram e como é a troca com ele? Adoro “pensando coisas 2″.
Luccas Carlos – Cara, o Vitor é um talento, porra, dos grandes, tá ligado? Eu o conheci por causa dos meninos, Pedro Dash e Marcelinho Ferraz, já tinha relação com eles na Head Media, Sempre gostei muito de colaborar com outros artistas, tá ligado? Quando os caras me mostraram o som, “Embrasa”, achei a música muito boa, daora, pensei, esse moleque é bom. Fomos pro estúdio, tocamos pra caramba, ele é um talento, e a gente troca muito, cara. Sem saber, ele me ensina pra caramba. O moleque é bom mesmo no que ele faz, e acho que esses tempos ruins assim, sei lá, não sei opinar muito, eu fico triste, mas acho que, no final, a música e a arte prevalecem.
“Incomum”, “tipo terrorista de beijo”
Moreira – Você começa o disco dizendo que não queria falar de amor, já falando. Você se considera um artista romântico? Como falar de amor em tempos de tanto ódio?
Luccas Carlos – Eu peguei essa missão pra mim, aí, cara. Eu gosto muito de ouvir músicas assim e acho que o mundo mesmo precisa mais disso. Eu falo muito de mim também, mas falo muito dessa coisa da relação, é algo que eu vivo intensamente. Vários caras que eu gosto só fazem música assim. É como você falou, já está tudo muito pesado, já tem muito ódio, muito rancor, muita coisa ruim rolando, o lance é a gente ficar de boa, todo mundo.
“Pensei melhor”, com Vitão e Thiaguinho
Moreira – Quais são os nomes da música brasileira que você anda ouvindo e que, de certa forma, influenciam o seu trabalho? Como você começou a cantar e quando sacou que tem uma voz bonita pra caramba?
Luccas Carlos – Eu estou agora ouvindo muito Racionais MC’s, de novo, estou pegando os discos tudo pra ouvir de novo, assim, eu gosto do “Nada como um dia após o outro dia”, esse disco, pra mim, é especial. O “Sobrevivendo no inferno” é um clássico, também gosto de ouvir. “Cores e valores” também. Agora, estou ouvindo mais coisas lá de fora. Acompanho muito a minha geração. Eu comecei a cantar muito jovem, muito criancinha, aos dois anos eu já estava enchendo o saco dos outros e cantando pra caramba. Aí comecei a escrever aos 14 anos. Mas eu já queria antes, eu nunca me vi fazendo outra coisa, foi até um problema em casa, eu realmente não conseguia imaginar a minha vida em empresa ou escritório, trabalhando pra alguém, eu não imaginava isso pra mim. Eu já imaginava música, não como cantor, necessariamente, mas música. Aí fui entendendo que cantar e escrever era mais fácil do que produzir.
Abaixa que é tiro!💥🔫
Responsável pelos violões e vocais na banda que eu gosto Pietá, Demarca lança hoje (20) “O Som da Ladeira”, seu primeiro álbum solo, que já chega como um dos melhores do ano. O disco é uma celebração da música brasileira em momentos inspirados, como “É o carnaval que tá pra chegar”, carregada de percussão e metais, “Um grito”, com participação especial de Xeina Barros nos vocais em todas as percussões, e a pulsante “Tá na cara, vê!”, com Iara Ferreira, parceira em “Suçuarana” e “Perfume de Araçá”, sucessos da Pietá. O carioca mistura as referências que formaram a sua musicalidade: de João Bosco a MC Magalhães, de Nelson Cavaquinho ao Pink Floyd. O resultado é música que passa pelo corpo. Discaço.
Demarca ainda integra a banda Selva Lírica, com Claudia Castelo Branco, Ilessi e Thiago Thiago de Mello.
Foto por Hollie Fernando
Falando em discos que são inteiros bons desde a primeira audição, essa semana, a banda escocesa Belle and Sebastian lançou seu nono álbum de estúdio, o excelente “A bit of a previous”, que chegou acompanhado de clipe para “Talk to me talk to me”, dirigido pelas irmãs londrinas Freya e Rosalie Salkeld, de 15 anos, que atenderam a uma chamada aberta para o trabalho, já que a banda tinha um orçamento pequeno. Quem entrou em contato foi a mãe das meninas, que escreveram o roteiro e dirigiram, além de envolver amigos jovens como elas. O primeiro single do disco foi “Unnecessary Drama”, que também ganhou clipe. O disco foi gravado na cidade natal da banda, em Glasgow, Escócia, o primeiro disco feito completamente lá desde “Fold your hands child, you walk like a peasant” (1999). O resultado é uma das obras mais diversas, práticas e emocionantes da discografia da banda, com quatro capas diferentes.
Marcelo Bonfá, baterista da Legião Urbana, está expondo 12 telas digitais em alta resolução que estão à venda como Non-fungible token (NFTs) na plataforma Kickoff Music, no metaverso, com dez cópias cada. O envolvimento dele com as artes plásticas já aparecia nas capas de “Música P/ Acampamentos” (1992) e “Uma outra estação” (1997), da Legião. Ele começou a trabalhar com artes digitais no final dos anos 90, quando conheceu o computador Amiga, da marca Commodore, que estava à frente de Apple e Microsoft. Acompanha o NFT uma tela da obra impressa em metacrilato (40 x 70 cm), com a imagem entre duas placas de acrílico que simulam a luz dos gadgets. Quem comprar será VIP no próximo show da Legião em sua cidade. As obras têm preços entre R$ 250 e R$ 1.900.
No finde da Ncssresort, hoje (20), às 19h, tem banda tocando, ao vivo, o disco “Incesticide”, do Nirvana, que completa 30 anos. No sábado, às 16h, Gramboy comanda edição da festa Bang!, que celebra a música negra universal e a cultura dos discos de vinil, com o melhor do soul, do funky e da música brasileira.
No sábado (21), às 20h, o artista Adauto Venturi abre a individual “A natureza prodigiosa da mente”, com jantar com menu dos chefs Odilon Junior e Gi Souza. A visitação, depois da abertura, é gratuita até o final de julho.
Domingo (22), às 18h, no Café Muzik, tem Samba de colher..
Uma explosão de juventude (“essa coisa maldita”) a exposição “50 anos de videogames” do Museu do Videogame Itinerante, em cartaz até o dia 29 no Independência Shopping. Além de 350 consoles de todas as gerações em exposição, foi criado uma ilha de jogos, no primeiro piso, para o jogo livre e gratuito. Se liga na programação, aqui, com concursos de cosplay e Just Dance e até encontro de k-pop. A exposição fica em cartaz das 15h às 21h (de segunda a sábado) e das 14h às 20h (domingos).
Sábado e domingo (21 e 22) rola o MITA Festival 2022, no Jockey Club Brasileiro, no Rio, com Gorillaz, The Kooks, Two Door Cinema Club, Tom Misch, Rüfüs du Sol, Gilberto Gil, Marcelo D2, Liniker, Letrux, Xênia França, Marcos Valle e Azimuth,Alice Caymmi e Maria Luiza Jobim, CorujaBC! E Larissa Luz, Day e Lucas Silveira, Jão e Black Alien. Vai ter transmissão ao vivo, a partir das 14h55, pelo Multishow, na TV e no Youtube.
Eu sempre digo que enquanto houver RuPaul haverá esperança! Mama Ru nunca decepciona e estreia, hoje, no WOW, a sétima e mais bafuda temporada de All Stars, a sétima, edição All Winners, só com campeões de edições anteriores.
A competição vai ser acirrada, com queens icônicas, como Jinkx Monsoon, Jaida Essence Hall, Monét X Change, Raja, Shea Couleé, Trinity The Tuck, The Vivienne e minha favorita Yvie Oddly. A temporada irá contar com vários jurados convidados especiais, dentre eles Cameron Diaz e Naomi Campbell. Dá pra acompanhar tudo pelos perfis Fuzzco e Drive Eleganza.
Playlist com as novidades musicais da semana. Nesse post, tem todas as playlists do ano. Ainda tem as playlists de 2021 e 2020.
Playlist de clipes com Brisa Flow, Francisco, el Hombre + La Pegatina, Dona Jacira, Fado Bicha, Belle and Sebastian, WhoMadeWho + Rampa, Camila Cabello + Maria Becerra, Felipe Cordeiro + Chico César, CL, OneRepublic, Jota Quest + Dilsinho, The Kooks, Burna Boy, Simone, Rody Martinez, Jaden, Grimes, Flume + Emma Louise e Viper.
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