por Nicolai Guanabara
Lições da Escuridão, 1992, Werner Herzog
Deu no sítio da revista Veja, no dia 09/03/2022, que “Após banir a compra de petróleo russo, EUA busca retomar laços com a Venezuela para garantir o fornecimento e abalar a relação de Nicolás Maduro com Putin”.
Fora a estranheza da situação, já que eventual negociação seria tratada com o presidente Maduro, apesar de o governo dos EUA reconhecer como presidente venezuelano o infiltrado Juan Guaidó, vê-se que toda situação de instabilidade política, como a que hoje se observa com a ação russa sobre a Ucrânia, reflete necessariamente na seara econômica.
No que diz respeito especificamente ao petróleo, a situação no Brasil é periclitante, em razão de uma política de preços nociva ao consumidor nacional, levada a cabo por uma Petrobras que hoje nada lembra a empresa forte criada por Getúlio, símbolo da engenharia nacional.
Não se pretende aqui uma análise dos desdobramentos da crise sobre a Europa ocidental, diante da iminente suspensão do fornecimento de gás russo, nem sobre os EUA, maiores consumidores mundiais de petróleo, com larga folga. A questão que nos interessa é precisamente a gerência do mineral por uma das maiores empresas mundiais de petróleo, cujo preço guarda paridade com o dólar americano.
É fato notório, questão de bom senso, que tal política de preços, que acompanha os valores internacionais, sempre acarretará em aumento no valor na bomba para o consumidor brasileiro.
Mas então porque tal diretriz é mantida? Porque a Petrobras tem acionistas, que sempre lucrarão de tal modo, e tais acionistas, instituições financeiras ligadas ao ocidente anglo-saxão, sob a gerência de sionistas, comandam a política internacional de repúblicas como o Brasil, cujos mandatários curvam-se aos seus desmandos, seja por pressão econômica, seja corrompendo-os, ou mesmo intervindo militarmente.
E a justificativa é sempre a mesma: abrir o mercado para gerar competitividade e reduzir os preços praticados. E apesar de todo o malabarismo feito pela grande mídia para vender tal ideia, fato é que isso não passa de um grande engodo, que o cidadão médio brasileiro engole sem sequer refletir.
Em termos práticos, o resultado da venda, além de encher os bolsos dos envolvidos, foi o aumento do preço da gasolina e do diesel produzidos na antiga Refinaria Landulpho Alves, que subiu mais do que os vendidos pela Petrobras no mesmo período.
Tente lançar tais fatos para o cidadão comum, o transeunte, o vendedor, o profissional liberal, o lavrador, o celetista em geral. Em resposta, invariavelmente ouvirá que a privatização é necessária porque “todo mundo rouba”, “é tudo caro”, e que a competição é saudável. Frases de efeito, jargões, senso comum espalhado pela grande mídia, comandada por aqueles que lucram com o desemprego, que nada produzem e que lucram mediante especulações e empréstimos ao próprio governo. Enfim, rentistas.
Seria de se questionar, nesse ponto, o porquê do interesse de empresas públicas estrangeiras, notadamente a Statoil (estatal norueguesa) no pré-sal, por exemplo. O senso comum mais uma vez dirá que é porque não temos condições de explorar em razão da inevitável corrupção. Despiciendo, aqui, pontuar o papel da mídia na imbecilização do cidadão, análise esta que deve ser aprofundada em sede própria.
O fato é que isso representa um novo colonialismo, e que somente um governo nacionalista, que tenha pulso para reestatizar, de fato setores estratégicos como o petrolífero, é capaz de alterar esse quadro nefasto. Vê-se que restou naturalizada a exploração de recursos naturais estratégicos para a simples distribuição de dividendos, seja por meio de sociedades de economia mista, como a Petrobras, seja por meio de privatizações, de modo que o foco é direcionado da produção para a especulação.
É nesse cenário que surge Bolsonaro e as suposições de que subsidiará o preço dos combustíveis. Trata-se de medida popularesca e de eficácia limitada, mas cuja implementação, a depender dos desdobramentos da iminente crise petrolífera, será inevitável ante a covardia e subserviência, que impedem o governo de alterar a política de preços praticada pela Petrobras.
A conferir.