A que (quem) a OTAN serve?

por Nicolai Guanabara

Mapa: Info Escola

Foi dito anteriormente que a ação militar promovida pela Rússia na Ucrânia marca o fim de uma era e o começo da multipolaridade global. Natural que não será um processo de transição rápido e sem percalços, sobretudo pela resistência que inevitavelmente será promovida pelos EUA e pela OTAN.

Criada em 1949, no contexto da Guerra Fria, a OTAN tinha por objetivo declarado defender-se de possíveis ataque promovidos pelos soviéticos e seus aliados. Em verdade, serviu como braço armado dos EUA para a expansão de seu poderio e influência militar, mediante instalação de bases em países integrantes da organização, de modo a promover um sufocamento na URSS e, em última análise, a queda do regime comunista, o que veio a se concretizar no início dos anos 90.

Surge assim a unipolaridade que ora se esvai, exercida pelos EUA desde o fim da guerra fria, amparada pelo poderio econômico e militar, mais nesse último do que no primeiro, circunstância que se torna evidente ante a derrocada econômica americana que a grande mídia finge inexistir.

O poderio militar do EUA, sobretudo tendo em conta seu arsenal atômico, é inegável, sendo que somente lhe faz frente, hoje, as forças armadas russas (fato também deliberadamente ignorado pela mídia sionista). A título de ilustração, não é demais lembrar a “afinada” dos EUA ante a Venezuela, após a chegada de militares russos no país comandado por Maduro.

Nesse contexto, cada vez mais sob o comando inconteste do departamento de estado dos EUA, a OTAN revela sua verdadeira essência criminosa, e passa a criar e a financiar grupos terroristas ao redor de todo o mundo (vide o Estado Islâmico), com o objetivo de criar terra arrasada e se apropriar dos despojos de guerra, fazendo-se impositiva uma política de expansão, de modo a alcançar um número de cada vez maior de territórios a serem subjugados e legitimar tais ações perante a comunidade internacional.

A expansão da organização sentido leste europeu, inclusive, vai de encontro a compromisso assumido no governo George Bush, em 1990, e que recentemente foi levantado pelo presidente russo, no sentido de que os EUA (OTAN) teriam se comprometido, perante a URSS de Mikhail Gorbachev, a não expandir sua área de influência rumo Leste Europeu, em troca de o regime soviético aceitar a reunificação alemã.

Na Ucrânia, especificamente, havia terreno fértil para a ação americana. A semente plantada no ex-celeiro da URSS por meio de desinformações promovida pela mídia e infiltrados no governo, com o objetivo de criar celeuma e dividir o povo, germinou, de modo que foi possível insuflar em parte da população um sentimento anti-rússia, expectativa de integrar a OTAN, e fomentar organizações paramilitares neonazistas.

Ocorre que Putin deu um basta. Mas não seria uma ação russa mais contundente esperada pelo departamento de defesa dos EUA, posto que em região de fronteira? A não ser que o país esteja ruindo em suas bases estratégicas, a ação era não só esperada como uma oportunidade para dar fôlego à unipolaridade americana, ameaçada sobretudo pelo oriente. O que não era esperado é a tranquilidade com que a Rússia encarou as sanções econômicas e o tom beligerante das declarações de Putin, que afastou qualquer possibilidade de ação militar da OTAN na região, ao menos por enquanto.

E nessa toada a Europa Ocidental vai pagando o pato, ruindo economias, tudo em nome do apoio aos EUA, o que não é surpreendente de modo algum. O que surpreendeu, em verdade, foi a baixa adesão aos embargos e sanções promovidas contra a Rússia, sobretudo por parte dos países africanos, China, e Índia.

Bateu o desespero no establishment, que foi pego desprevenido, vindo a lume, para o povão, o verdadeiro espírito do sistema econômico vigente, que busca criar uma manada de autômatos a serviço de uns poucos.

Resta agora aguardar quais as consequências das medidas de desinformação em massa promovidas pelos EUA e seus títeres.

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