Zines: Bat Macumba

O Bat Macumba foi um fanzine em papel xerox que eu produzi, aqui em Juiz de Fora, entre os anos de 1994 e 1997 por aí, enquanto era estudante da faculdade de jornalismo na UFJF. Nas duas primeiras edições, eu dividia a tarefa de editar com a super artista Priscilla de Paula, que é fantástica e fez as primeira capas, eu era (e sou) muito fã do trabalho dela.

O cimento de tudo sempre foi a amizade que ia fazendo com todos os colaboradores, como o fantástico Leo Ribeiro, que elevava o nível do trabalho com qualidade e reflexões. A Mônica Ribeiro, que era da minha sala na faculdade, também teve papel primordial, fornecendo poesias com vários pseudônimos. Ela que guardou os exemplares que vocês vão ler aqui.

O Leo Teixeira, que também era da minha sala e melhor amigo, também colaborou com letras de músicas de sua banda, o Boa Pergunta, que os artistas ilustravam, foi ator da nossa fotonovela e estava sempre nos corres e no amor.  A banda tocou em várias festas do fanzine, como uma, no Teatro Paschoal Carlos Magno, com Funk Fuckers e Kamundjangos, do Rio.

A lista de artistas que passou pelo fanzine é enorme, sei que esquecerei alguém, mas está tudo registrado nas páginas. O fotógrafo Leo Caetano clicou a fotonovela de ‘”Coração Materno”, Alessandro Correa era mais do que assíduo, seus desenhos estão on point até hoje, são fantásticos, Leandro Furtado, Ricardo Coimbra, Pedro Henrique, Philip, Fernando Fiorese, Adauto Caetano, Eduardo Borges, André Monteiro.

Ao contrário dos fanzines de fãs, era uma plataforma em papel xerox para dar espaço a trabalhos inéditos e autorais. O fanzine circulou por dois anos e foi custeado por recursos da Lei Murilo Mendes por duas edições da lei. Um artista que não tinha sido beneficiado se incomodou com a publicação, reproduziu e distribuiu na porta de colégios. 

Acabamos na televisão e no Ministério Público, aonde fomos super bem tratados, apesar de ter sido cogitada a possibilidade de circular em envelopes opacos. Saímos na capa da Folha Teen em uma matéria de fanzines, sem relação com a polémica, e fomos citados no Rio Fanzine, do Globo, em página dupla (vintage) do Segundo Caderno, sobre o episódio. O repórter que me atendeu na época, Carlos Albuquerque, o Calbuque, foi meu editor, anos depois, na coluna Transcultura, do Globo.

Fizemos mais duas edições depois do ocorrido, mas acabou a faculdade, a internet chegou (o começo do zine era todo analógico, a gente trocava cartas e mandava fanzines pelo carteiro) e nossas vidas mudaram. A memória do fanzine segue viva aqui na cidade, aonde sempre me perguntam sobre ele, como em recente matéria no jornal, que me trouxe a amizade com a repórter, Carime Elmor. Aqui está, espero que se divirtam.

Fabiano Moreira
Editor

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